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JK: o sonho realizado PDF Imprimir E-mail
Escrito por FONTE: Diário do Nordeste   
Qua, 21 de Abril de 2010 00:00

Juscelino Kubitschek ainda figura, hoje, como um dos homens mais admirados do cenário político do Brasil

Brasília. "Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu País e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino". Esta frase, que está gravada em mármore no Museu da Cidade, que fica na Praça dos Três Poderes, foi escrita por Juscelino Kubitschek no livro de ouro da futura capital, por ocasião de sua primeira visita ao local onde seria construída Brasília.

O presidente desceu do DC-3 da FAB com uma pequena comitiva no dia 2 de outubro de 1956. JK olhou pro cerrado, se inspirou e escreveu. Daí pra frente os candangos trabalharam mil dias sob o comando de Israel Pinheiro. Em cinco anos de governo, Juscelino fez 365 viagens a Brasília. Saía do Rio no começo da noite. Dormia durante o voo que durava cinco horas. Inspecionava as obras pela madruga e retornava para amanhecer no Rio.

JK elegeu-se em 1955 com 36% dos votos válidos. Derrotou o cearense Juarez Távora, o paulista Ademar de Barros e o integralista Plínio Salgado. Fez um governo desenvolvimentista. Prometeu realizar 50 anos de progresso em apenas 5 anos de governo. O famoso 50 anos em 5 que o presidente Lula tanto admira. O plano de metas passava pela criação do grupo executivo da indústria automobilística, que implantou várias indústrias no País; expansão de usinas hidrelétricas, abertura de rodovias, criação da Sudene e a fundação de Brasília.

A política de JK que impulsionou a indústria automobilística, atraiu para a região Sudeste brasileiros de toda parte. Os nordestinos, fugindo da seca, se deslocaram também, para o Centro-Oeste, para Brasília. Juscelino foi generoso para com o Nordeste. As correntes migratórias que levaram 5% da população nordestina do campo para a cidade fez JK convocar o paraibano Celso Furtado.

Açude Orós

Foi Juscelino que deu ao Ceará o açude do Orós. A inauguração em 1º de janeiro de 1961 do açude foi transmitida por Peixoto de Alencar na presença do presidente e do governador Parsifal Barroso.

O jornalista Orion Neves, cearense radicado no Rio, contava que um caboclo resolveu saudar o presidente durante almoço à beira do açude. Conseguiu entrar na tenda armada para autoridades e pediu a palavra. Antes que recebesse autorização começou a falar: "Presidente Juscelino, o senhor é um jumento. Home, você trabalha feito um jumento". Foi retirado às pressas pela segurança. O elogio do matuto foi tomado como ofensa, desaforo. O sertanejo, na sua simplicidade, comparava JK com o animal que é símbolo de trabalho e companheirismo na região, "o jumento nosso irmão", como queria padre Vieira.

Muita gente no Rio de Janeiro, feito o segurança que não entendeu o matuto cearense, também não entendeu a investida de Juscelino rumo ao Planalto Central. Além de não compreender a importância da interiorização do País, os cariocas se viram ameaçados com a perda de poder e prestígio. O escritor Gustavo Corção enchia as páginas dos jornais com artigos em que afirmava que jamais o Lago Paranoá ia encher. Duvidava até que fosse possível a ligação telefônica de Brasília com o Rio. Eugênio Gudin e Carlos Lacerda puxavam a fila dos detratores de Brasília.

Mas o trabalhador brasileiro acreditou. Em 1957 eles eram 10 mil. Três anos depois passavam de 60 mil. Parecia um formigueiro humano em meio à poeira. Os candangos erguendo a cidade para ser inaugurada no prazo estipulado. E o Brasil todo acreditou. Planejada para ter 500 mil habitantes no ano 2000, a capital transborda de gente. São quase 3 milhões espalhados no Plano Piloto e nas 30 cidades satélites.

E quem visitar Brasília, hoje, ao passar pelo Eixo Monumental, vai poder ver Juscelino Kubitschek acenando para a cidade. A estátua, com mais de 4 metros, fica num monumento criado por Oscar Niemeyer e que parece uma foice e um martelo. De lá, o fundador contempla sua obra.

(Wilson Ibiapina)

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